Newsletter recebida hoje:) Para quem gostar do estilo e da banda ficam aí os detalhes do concerto.
MAYHEM + Bandas suporte
22 DE ABRIL – CINE TEATRO CORROIOS
23 DE ABRIL – HARD CLUB (SALA 1)
Num fim-de-semana de cariz marcadamente religioso, com a primeira de duas actuações agendada para o dia 22 de Abril (Sexta-feira Santa), os noruegueses MAYHEM – uma das mais controversas e polémicas bandas saídas do movimento black metal norueguês – estreiam-se finalmente em território nacional.
Por esta altura toda a gente conhece a história: em 1993 Øystein Aarseth foi esfaqueado mortalmente por Varg Vikernes. Na mesma época foram queimadas igrejas na Noruega, alguns músicos foram presos, julgados e condenados por diversos crimes e, um ano depois, o lançamento póstumo de «De Mysteriis Dom Sathanas» transformou os MAYHEM nos porta-estandartes supremos do black metal.
Quando se fala do género, como era no início dos anos 90, poucos foram os que sobreviveram a todo o sensacionalismo e, ainda por cima, mantiveram uma carreira consistente – em estúdio e ao vivo. Mais de um quarto de século depois, e apesar das inúmeras mudanças de formação que sofreu ao longo dos anos, a banda oriunda de Oslo continua a canalizar um buraco negro de proporções dantescas.
Black Metal: “um subgénero do metal que evoluiu no início dos anos 90 paralelamente ao death metal, uma outra vertente do metal extremo. É um estilo sombrio, cru e agressivo e incorpora nas suas letras temas como o satanismo e o paganismo”, in Wikipedia.
Para quem conhece os MAYHEM e está familiarizado com a sua história tumultuosa, a definição anterior acaba por ser redundante e confunde-se com o próprio grupo. Macabro em demasia até para os parâmetros do estilo musical em que se enquadra, o projecto actualmente formado por Attila Csihar, Necrobutcher e Helhammer – agora acompanhados por Morfeus e Silmaeth nas guitarras – ganhou uma reputação que o precede e ninguém pode esquecer toda a controvérsia que sempre o rodeou.
No entanto, para lá da má fama, a música sempre falou bem alto – ao ponto de terem influenciado diversas gerações de músicos apostados em tornar a música extrema ainda mais extrema e, eventualmente, atingido o patamar da instituição de um fenómeno que continua bem vivo. Aquilo que começou por ser uma reacção adolescente ao cristianismo no norte da Europa, espalhou-se a todo o continente e ao outro lado do Atlântico. A passagem dos anos e a vulgarização da sonoridade não afectaram em nada a estranheza que sempre caracterizou os seus discos e as actuações, no entanto. Seja o ambiente sufocante do último «Ordo Ad Chao», os clássicos intemporais de «De Mysteriis Dom Sathanas» ou as performances – tão assustadoras como fascinantes e hipnóticas – do misterioso Atilla em palco, os MAYHEM continuam a ser uma proposta única e sem igual.
Os bilhetes para o concerto custam 23€ (venda antecipada) e 26€ (venda no dia), à venda nos seguintes locais: Ticketline (www.ticketline.sapo.pt - 707 234 234), Lojas Fnac, Worten, MegaRede, Agências Abreu, C. C. Dolce Vita, El Corte Inglês, Carbono (Lisboa), Carbono (Amadora), Cave (Lisboa), Break Point (Vigo) e nos locais.
Websites: www.thetruemayhem.com // www.myspace.com/officialmayhem
BIOGRAFIA MAYHEM
Corria o gelado Inverno de 1984 quando o guitarrista/vocalista Euronymous (nascido Øystein Aarseth), o baixista Necrobutcher (Jørn Stubberud) e o baterista Manheim (Kjetil Manheim) formaram os MAYHEM em Oslo, na Noruega, inspirados por algumas das bandas mais negras que o metal tinha para oferecer na altura – Bathory, Venom, Celtic Frost e Slayer. O primeiro impacto com o underground deu-se dois anos depois, com a maqueta «Pure Fucking Armageddon», uma descarga de ruído necro que ainda hoje é vista como um dos clássicos da música extrema.
Na altura, a vaga original do black metal estava a perder terreno, com o imaginário obscuro, os picos, o corpse-paint e as correntes a serem substituídos pela imagem mais urbana do death metal e do grindcore, mas Euronymous e companhia mantiveram-se fiéis e puristas, gravando – já com o vocalista Maniac (Sven Erik Kristiansen) a bordo depois de um breve período com Messiah (Eirik Nordheim) no microfone – a sua estreia a sério. «Deathcrush», auto-editado por Euronymous com selo Posercorpse Music, é mais um EP que um álbum, mas ninguém pode negar que os seus 17 minutos e meio são ainda mais agonizantes que a gravação anterior. Aquilo que parecia transformar-se num trunfo para a banda, acabou por dar início a um dos capítulos mais negros de uma carreira que está prestes a comemorar 27 anos... E, verdade seja dita, da história do underground no seu todo. Ainda após a primeira edição de 1.000 cópias – o disco seria mais tarde reeditado através da Deathlike Silence – Manheim e Maniac saem, sendo substituídos, respectivamente, por Hellhammer (Jan Axel Von Blomberg) e Dead (o sueco Per Yngve Ohlin). Esta formação gravaria apenas dois temas para uma compilação e «Live In Leipzig», o primeiro álbum ao vivo saído da segunda vaga do black metal. Após a atribulada digressão que lhe seu origem, Dead suicida-se na casa que partilhava com alguns dos outros elementos e Necrobutcher decide abandonar. Como duo, Euronymous e Hellhammer recrutam Count Grishnackh (Varg Vikernes) para tocar baixo e o vocalista húngaro Attila Csihar para a gravação do longa-duração de estreia – que, por si próprio, marcaria o final de uma época para os Mayhem e para o movimento black metal.
Entretanto Euronymous tinha aberto a loja Helvete em Oslo e criado a Deathlike Silence Productions, enquanto influenciava muitos músicos jovens a readaptar a sua abordagem à música. Começam a arder as igrejas, Øystein é esfaqueado mortalmente por Vikernes a 10 de Agosto de 1993 e, algum tempo depois, elementos dos Burzum, Thorns e Emperor, entre outros, são presos em relação a este e outros casos de polícia. «De Mysteriis Dom Sathanas» acabaria por ser editado postumamente, numa altura em que Hellhammer já estava a preparar um regresso com Maniac, Necrobutcher e o “novato” Blasphemer (Rune Ericksen) no polémico papel de sucessor de Euronymous na guitarra.
O mundo ainda teria de esperar quatro anos até ouvir música nova, mas com «Wolf's Lair Abyss» os Mayhem mostravam estar de volta com uma sede de sangue considerável. Com a formação estabilizada, o projecto volta aos palcos e, em 1999, lança um segundo álbum ao vivo, intitulado «Mediolanum Capta Est». Não satisfeita em viver apenas à custa do passado, a banda inicia um processo de mutação com o experimental «Grand Declaration Of War», ao que se seguem mais dois discos ao vivo («European Legions» e «U.S. Legions») e o regresso à brutalidade visceral de outrora com «Chimera», de 2004. Ainda nesse ano, Maniac abandona os Mayhem depois de um desentendimento com Blasphemer que, até ao seu abandono em 2008, era o principal compositor do grupo e uma das suas forças motrizes.
Entre polémicas e muitos concertos, os Mayhem ainda gravaram o seu quarto álbum de originais em 27 anos de existência – o sufocante passo em frente dado em «Ordo Ad Chao», que entrou para o lugar #12 da tabela de vendas norueguesa e levou para casa um Spellemannprisen para “melhor álbum de metal de 2007”. Em Agosto de 2008 termina a terceira fase da carreira dos Mayhem, que iniciaram rapidamente a seguinte com Morfeus (dos Dimension F3H/Limbonic Art) e Silmaeth nas guitarras.